Pelo desconhecimento em torno do transtorno, estudos apontam que 50%[i] dos pequenos sofrem algum tipo de punição ao urinar durante o sono
Realizado anualmente na última terça-feira de maio, o Dia Mundial Sem Xixi na Cama é um momento de conscientização sobre a enurese. O transtorno, caracterizado por episódios de cama molhada em crianças acima de cinco anos, é bastante comum e estima-se que mais de 15% dos pequenos nessa idade sejam acometidos. Além disso, um dado alarmante acompanha esse cenário: quase 85% dos enuréticos sofrem algum tipo de punição, sendo que cerca de 50% são agredidos fisicamente pelos pais ou responsáveis[i].
O que explica esse número é, principalmente, o desconhecimento sobre a enurese. A maioria dos adultos acredita que a criança faz xixi na cama porque quer, seja por birra ou preguiça de levantar para ir ao banheiro. “O enurético não tem culpa de urinar na cama durante o sono. Várias causas estão relacionadas, entre elas, predisposição genética ou falha no desenvolvimento do sistema urológico. Ou seja, a criança não tem controle sobre a bexiga e urina involuntariamente”, explica o médico Ubirajara Barroso Jr., urologista pediátrico, especialista em disfunção miccional.
O período de tratamento dos episódios de xixi na cama pode ser bastante estressante para a criança e toda sua estrutura familiar. Especialmente em tempos de quarentena, quando os níveis de estresse estão elevados, é preciso ressaltar que a enurese é uma condição médica que pode prejudicar a autoestima e o bem-estar emocional da criança, bem como o rendimento escolar e desempenho social. Por isso, é importante procurar o auxílio do pediatra ou ainda os centros de apoios especializados. Além disso, o apoio dos pais é essencial para que os esforços sejam efetivos.
“Certamente, a enurese é uma condição exaustiva. Por isso, o apoio psicológico para a criança, e também para os pais, pode ser um importante aliado durante o tratamento. Dentro do consultório médico, podemos perceber que quando os pais compreendem a situação e não culpam ou punem os filhos, os resultados encontrados são melhores”, acrescenta o especialista.
Ao invés da punição, uma estratégia que funciona bem na jornada para a diminuição dos casos de enurese noturna é o reforço positivo, ou seja, comemorar e parabenizar cada noite de cama seca. “É importante que a criança entenda que está realizando progressos no seu tratamento, especialmente para que continue dedicada ao processo, pois se o pequeno não entende que precisa colaborar, as chances de sucesso são menores”, ressalta o urologista pediátrico.
Recentemente, o projeto Sem Xixi na Cama lançou um aplicativo para smartphones (IOS e Android) que auxilia os pais nessa tarefa.Com a ajuda do personagem Pee, os pequenos podem seguir todas as orientações recomendadas para o tratamento da enurese, com registro da rotina alimentar, calendário com sol e chuva para anotar os episódios de xixi e os dias de lençol sequinho, brincadeiras e muito mais. As crianças conseguem, por exemplo, acumular medalhas a cada recomendação cumprida e ajudam o Pee a montar o seu guarda-roupa, de forma lúdica e divertida.
Sá CA, Gusmão Paiva AC, de Menezes MC, de Oliveira LF, Gomes CA, de Figueiredo AA, de Bessa J Jr,Netto JM.
J Urol. 2016 Apr;195(4 Pt 2):1227-30. doi: 10.1016/j.juro.2015.11.022. Epub 2016 Feb 28.
Mais informações sobre o xixi na cama
O site www.semxixinacama.com.br, desenvolvido com o apoio do Laboratórios Ferring, reúne informações sobre a enurese e tem o objetivo de orientar as famílias sobre como lidar com o xixi na cama sem traumas, alertando sobre a importância do diagnóstico correto e da busca por tratamento médico adequado. O visitante ainda tem acesso a uma lista com os centros de apoio mais próximos a sua região, perguntas e respostas sobre o tema, além de vídeos e um blog.
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